Dia do Índio

Autor: professor Igor Barreto

“Um índio de verdade, professor!” Esta era uma das expressões que se podia ouvir no retorno para a sala após participarmos da conversa com Luis Javier Paredes, indígena originário do povoado Inca de San Pablo, em Cuzco, nas montanhas peruanas e hoje professor de espanhol do Colégio Integração. O dia do índio foi instituído em 1943, no governo Getúlio Vargas, em homenagem ao Primeiro Congresso Indigenista Interamericano realizado três anos antes no México. 

O congresso reuniu líderes indígenas que tinham em comum o objetivo de zelar pelos seus direitos. Contudo, mesmo com esta data em alusão à sua importância, a concepção de indígena pelo não indígena está cercada de preconceitos; estereótipos e sobretudo de homogeneização, ou seja, o indígena é reduzido a um pequeno grupo de aspectos: cocar; oca; artesanato e danças.

Precisamos ressignificar nossas concepções, buscar aprender e sobretudo ouvir o que tem a dizer estas pessoas, pois quando reforçamos estes estereótipos negamos aos indígenas o direito de ser. Negando o direito de ser, contribuímos para o contínuo genocídio cultural iniciado no processo de colonização em nosso país e enquanto espaço educacional trabalhamos pela integração das pessoas e não sua exclusão. 

A escola quando se ausenta destas discussões contribui fortemente para os sentimentos contrários à humanização das pessoas. Logo, precisamos pautar momentos de ampla informação e reflexão, para compreendermos que sentido que estamos dando para a sociedade enquanto contribuíntes principais na formação dos cidadãos. Neste sentido é muito gratificante a expressão quase espantosa: “Um índio de verdade”!!! Fazendo seu papel no sentido pleno educacional, sendo o dia 19 de abril feriado, no dia 18, os alunos do Fundamental I do Colégio Integração, após o desenvolvimento das atividades acerca do dia do índio, tiveram a oportunidade de conversar com Luis, usando trajes típicos da sua comunidade. 

Os alunos tiveram contato com informações de uma cultura em essência, ouviram histórias que envolvem instrumentos de sopro feitos com bambú, característica principal da comunidade de origem do professor Luis Javier, além de ouvirem os sons destas flautas e expressarem ao professor o que sentiram. Na ocasião desconstruíram muito dos estereótipos que professores e alunos tinham a respeito de ser indígena, comprendemos as particularidades de que podem ter cada uma das comunidades. 

Os alunos puderam perguntar sobre suas curiosidades e neste momento o professor foi questionado inclusive se quando pequeno passava fome, pois é o que entendem ao ver tantos índios em situação de rua. O mesmo explicou que não pois sempre aproveitavam tudo que a terra produz, e nesta hora aprendemos outro valor, que talvez aos poucos estejamos perdendo: a relação com a terra. Luis disse aos alunos que a terra é como mãe que tudo dá aos filhos e que necessita de carinho e cuidado. Ao término Luis ajudou os alunos a pronunciar algumas palavras na língua de sua comunidade, sobretudo as que expressão importantes valores na educação das crianças: não roubar, não mentir e não ser preguiçoso. 

A atividade auxiliou muito para a ressignificação de valores e da abordagem da cultura indígena pelos alunos e pelo próprio Colégio Integração, que conta com uma equipe diversa em cultura, pensamento e identidade e se preocupa em contribuir com o enriquecimento cultural de seus alunos. Que cada vez mais se possa ouvir nas escolas a expressão: “Um índio de verdade, professor!”



























































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